Depois dos cinquenta... (para o Nelson)
- Aloysio Xavier
- 2 de dez. de 2016
- 3 min de leitura
Há muito tempo, que eu queria te escrever, pois v. já fez 50 anos, e nessa fase, depois dos 50, é hora que mesmo sem querer, revisamos nossas vidas, nossa história ( aquela que é só nossa).
Já ponderamos mais, não nos atropelamos tanto., pois com a idade percebemos que de uma forma ou de outra, as coisas sempre se ajeitam.
Dizem que num naufrágio, é mais certo um jovem morrer, do que um velho; pois o velho não se apavora tanto, tem mais paciência, espera os ventos a favor, e vai por aí afora.

Depois que completamos 50 anos, segundo os espiritualistas, começamos também a nos voltarmos mais para a parte espiritual, e ficamos mais sábios. A natureza troca a força e beleza da juventude, pela força e beleza da sabedoria. ´é realmente uma troca, e coitado daquele que não percebe isso, ou que não está alinhado com essa realidade. (Passa o resto da vida fazendo bobagens, sendo criancinha, bobinho) etc..
Bem, mas voltando aos 50, se dizia antigamente, num ditado muito conhecido, que a vida começa aos 40.
Mas hoje, dentro de uma nova visão da medicina, que conseguiu prolongar muito mais a vida, e os teóricos do comportamento, também afirmam que a vida começa aos 50. Portanto meu querido está só com l ano de vida.
Bem, depois dos 50, já passamos por tantas e tantas experiências, já tivemos tantas alegrias, e tantas tristezas, já nos fizeram de bobo tantas vezes, já disseram que nossa amavam tanto, e já amamos também E tudo passou. Já sofremos tudo que uma criança sofre, tudo que um adolescente sente de expectativa, de medo e de vergonha, já desejou, já se castigou, já se perdeu, e já se achou. Torturou-se etc. etc.
E depois dos 50, v. percebe, que pode se sentir mais leve, que já não tem tanta pressa, de pode fazer as coisas bem feito que pode fazer sem se desgastar, sem tantas emoções ( que é o que atrapalha). Percebe também a caminhada da vida sob outra ótica, e se as coisas não deram tão certo como v. queria ou pensava (que é mais ou menos o meu caso, se me permite dizer), junta os pedaços, e ainda consegue fazer algo de bom, ou seja lá o que for.
E se mergulharmos na verdadeira viagem vertical dentro de nós, perceberemos que sempre fizemos o melhor que podíamos fazer (na ocasião) Que sempre, sempre demos o nosso melhor.
Se infelizmente não foi o melhor para o outro, é o que sabíamos fazer, ou o que tínhamos aprendido a fazer.
O que acontece na época dos 50 (ainda não temos a devida sabedoria), é que nessa época fazemos a maldita contabilidade. E só contabilizamos o que deixamos de fazer, o que deu errado, as chances que perdemos as culpas que carregamos. E não percebemos que é a vida rolando por si mesma, que na maioria das vezes, não podíamos ter feito diferente.
Difícil contabilizarmos as coisas boas, nossos acertos, os esforços que fizemos para chegarmos até onde chegamos, e que muitas das coisas eram coisas do destino, não dependiam de nós e nada poderíamos mudar.
E v. particularmente Nelson, venceu sozinho. Eu sempre fico pensando, que um menino de vinte e poucos anos sozinho, saindo de um colégio interno militar no Rio de Janeiro, para ser artista, como foi difícil, e até surrealista. Sem parentes no Rio, com muita ingenuidade, e com toda a historia de vida, e de um colégio interno, foi um milagre. E viver nesse meio de artistas, que não é um meio comum, eu considero uma façanha, maior que ir à lua.
É um meio de artista, e artista tem ego. E ego tem disputa acirrada. Então... É competição, é puxar tapete, é ciúme, inveja, esperteza, é ficar atento o tempo todo, sentimentos esses, que nunca v, conheceu, que nem passavam pela sua cabeça, e que v. nem acreditava, quando chegou ao Rio para ser artista pela primeira vez. Por isso não canso de pensar que v. é mesmo um herói. Um herói da era moderna, que é muito mais difícil que os de antigamente. Antigamente se matava um leão e acabou Hoje é um leão todos os dias, e todas as horas. È brincadeira?
Parece que antigamente existia mais amizade entre os artistas, mas hoje o mundo mudou. O negócio cresceu, saturou, e muita vaidade, pouco talento, muita politicagem, maldade, falta de lealdade, sem princípios, sem moral.
E v. meu querido, lembre-se do hinduísmo, que diz que devemos nos manter como a flor de lótus, que mesmo no meio do lodo, vivendo no lodo, se mantém branca, pura, imaculada, suportando tudo, e mantendo sua beleza. E v. é essa flor de lótus (não esqueça). Beijos e não esqueça também que somos abençoados.
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